18.12.11

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Pietro Ubaldi, o
Pensador do Terceiro
Milênio, o Apóstolo de Cristo.





Segunda-feira, 19 de dezembro de 2011


O PENSAMENTO SOCIAL DE CRISTO



POR PIETRO UBALDI


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Procurarei esta noite expor-vos o pensamento social de Cristo, observado em vários aspectos seus. Primeiro, em face do problema da distribuição da riqueza; segundo, em face do problema do instituto jurídico da propriedade; terceiro, em face da concepção política baseada na conquista e na força, observando a posição assumida por Cristo perante Roma, centro de um império; e, quarto, finalmente, em face da administração humana da justiça.

O pensamento de Cristo nos levará, assim, ao problema econômico, jurídico e político, três aspectos fundamentais através dos quais desejo observar aquele pensamento, que permanece até hoje em plena atualidade.

Comecemos pela primeira parte.

O advento da justiça social, que é a grande realização a que o século XX aspira, já se encontra no Evangelho anunciado e preparado em sua mais substancial forma. Principiemos pela distribuição da riqueza, que é o mais atual e apaixonante problema, o problema prático e basilar da vida coletiva de todos os tempos. Como reequilibra Cristo tão distanciadas desigualdades econômicas? A solução do problema da justa distribuição, Cristo no-lo dá em forma substancial, completa e definitiva, porque equilibrada, e não pela moderna forma de luta de classes, que não resolve, porque desequilibrada. O método da luta não representa algo de novo e de resolutivo, mas, significa apenas um comum e antigo método de enriquecimento por substituição. Nada soluciona como sistema, porque se limita a colocar novas pessoas e outras classes sociais nas idênticas posições das anteriores. Eis porque pode interessar muito às pessoas que nele tomam parte, para usufruir vantagens pessoais, mas não interessa realmente ao progresso social, para o qual tem importância a estrutura orgânica da sociedade e não o que é útil ao indivíduo; é preciso renovar a organização das posições e não as pessoas que as ocupam; importa eliminar os velhos erros e explorações e não repeti-los para vantagem de outros.

A moderna luta de classes não é senão a velhíssima luta biológica, que procura obter força legitimando-se, assumindo funções de justiça. Velho mimetismo que não resiste à face das reais forças da vida. Isso não é eqüidade. A eqüidade, nesse caso, é um pretexto. O método usado pela prepotência e pela violência revela, no fundo, o costumeiro abuso, fonte de habituais e infindáveis reações. E o homem, encantado pela miragem do bem-estar, continua a crer na possibilidade do absurdo, isto é, que a usurpação pode produzir frutos estáveis e que basta mascarar a força com as vestes da justiça para obter resultados definitivos, que por sua natureza ela não pode dar. E assim, mudam os homens e os erros permancem.

Uma solução estável e conclusiva não pode ser dada senão pela eqüidade, segundo um sistema de equilíbrios e não de novas usurpações, com que, visando vantagem pessoal, se acredita corrigir as velhas. Isso é egoísmo e não justiça. E quando não existe verdadeira justiça, as mesmas razões que hoje nos autorizam a nos substituirmos a outros no domínio e bem-estar, amanhã autorizarão a outros a se substituirem a nós, e assim sucessivamente. Forma-se, então, a muito conhecida cadeia de ações e reações, que nunca tem fim. A eqüidade não deve existir, se se deseja uma solução somente na aparência, mas, também, em substância, não só na forma, mas também nas almas. É necessário, em outros termos, introduzir também no mundo econômico o conceito do equilíbrio, da ordem e da harmonia, conceito fundamental em qualquer campo de forças, e portanto, também nesse da riqueza, que dele não é senão um caso particular. Assim como sabemos que o ódio não se resolve senão contrapondo-lhe o amor; como a ofensa não se dissolve senão com o perdão, e a violência com a paciência, assim também a desigualdade e a luta só desaparecerão se lhes opusermos a verdadeira eqüidade e a verdadeira justiça.

Cristo não diz aos pobres: “revoltai-vos”. Seu sistema é radicalmente diferente do usado pelo mundo. A este, que não sabe perceber senão através do claro-escuro vitória-derrota, faz compreender que Ele não enxerga no pobre um derrotado. Assim como não diz: “revoltai-vos”, igualmente não diz: “sofrei passivamente”. Diz, ao contrário: “Ó vós, que sois vítimas da injustiça, tolerai, tende paciência!”. Por que, então? - perguntamos.

Como sempre, a filosofia de Cristo atinge sua complementação num mundo ultraterreno, na íntima realidade das coisas, em que toda a aparência que enxergamos se completa e se justifica. A razão - Cristo nos responde - é que a injustiça que vos oprime é toda humana, e por isso temporária, ligada apenas a esta vida terrena; é uma pequena injustiça secundária, que não pode violar e não viola a justiça divina, maior, que faz do oprimido um credor. Estai, portanto, tranqüilos, embora hoje sofrais, e se isso não vos parece justo, Deus é justo e a injustiça do momento será compensada, reequilibrada. Na verdade, possuis um direito; vossa consciência não vos engana: ele vos será concedido.

O sistema do universo é perfeito, lógico, equilibrado, de uma estabilidade absoluta; porém, o homem normal, involvido, não sabe ver a tão grande distância e considera logro essas promessas. Culpa de sua miopia.