24.6.13

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Pietro Ubaldi, o
Pensador do Terceiro
Milênio, o Apóstolo de Cristo.





Segunda-feira, 24 deJunho de 2013



A MORTE

Por Pietro Ubaldi


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Se a natureza se mostra de uma suprema indiferença diante da morte, é porque esta, substancialmente, nada destrói; tanto que, não obstante as contínuas mortes, a vida continua. A morte nada destrói do que é matéria, nem do que é espírito.

A matéria abandonada volta a um nível inferior; é recolhida a um ciclo mais baixo de vida; o psiquismo reassume, então, o dinamismo, reúne os valores espirituais e ascende imaterial e invisível, para se equilibrar no nível que lhe é próprio por peso específico. Assim como a Natureza, lançando mão da luz e das cores, pinta os mais maravilhosos quadros e, depois, com indiferença, deixa que se desvaneçam, porque sabe reconstruí-los imediatamente, mais belos ainda, tão rica ela é de beleza, também a vida, com a química do plasma, com suas forças íntimas, com a sabedoria do psiquismo, modela as mais belas e maravilhosas formas e depois deixa que murchem e morram, porque sabe num instante refazê-las, e as refaz mais belas, numa infinita prodigalidade de germens.

A morte, com efeito, não lesa o principio da vida, que permanece intacto e é continuamente rejuvenescido devido à sua renovação continua através da morte. Se a Natureza não teme e não foge à morte, é porque esta é condição de vida e aquela nada perde da sua íntima economia. A natureza sabe que a substância é indestrutível; que nada jamais se pode perder, quer como quantidade, quer como qualidade; sabe que tudo ressurge da morte: ressurge o corpo, no ciclo dos escambos orgânicos e ressurge o espírito no psiquismo diretor.

Que é, então, a morte? Que é esta singular evaporação de consciência pela qual o organismo passa, num átimo, do movimento à imobilidade, da sensibilidade à passividade inerte? Contemplais, consternados, aquele corpo morto e em vão pedis que restitua à vossa sensação a centelha da vida, que se apagou. E, no entanto, nos primeiros momentos, a matéria ali está toda, ainda intacta; ali estão todos os órgãos, os tecidos, a forma; a máquina repousa completa. Falta apenas a vontade do conjunto, o psiquismo diretor; falta o poder central, e a sociedade se apressa em dissolver-se qual batalhão que perdeu o comandante, onde cada soldado pensa agora só em si mesmo, cuidando de se agrupar a outros batalhões, onde quer que os encontre. O imponente edifício ruiu, e outros construtores próximos - não importa se menos hábeis - correm para aproveitar os materiais para os seus edifícios. Tudo é logo retomado em novo círculo, reutilizado e revive ao sol. Nada, jamais, pode morrer. Apenas a unidade coletiva se dissolve em menores unidades componentes.

Ocorre então, a separação do psiquismo, e uma profunda mudança se dá no estado da matéria. Verifica-se neste fenômeno qualquer coisa que lembra outras mais simples mudanças de estado, como a passagem da matéria do estado gasoso ao estado líquido, até ao sólido. Há uma perda de mobilidade, liberação de energia. Nada se destrói na natureza, e mesmo a morte “deve”, por lei universal, fazer a restituição intacta do psiquismo, que desde então inutilmente procurais reencontrar naquele corpo morto. Não importa que o fenômeno se oculte no imponderável e assim escape aos vossos sentidos e meios de observação. Havia um psiquismo animador e agora já não o há. O universo todo, pela obediência constante à sua lei, proclama que esse psiquismo não pode ter sido destruído.

É um princípio que a todo momento vedes renascer, como do mar renascem as chuvas que nele se derramaram; renascer rico de instintos, proporcional ao ambiente; individualizado como estava quando o corpo morreu. Na morte, ele desaparece; no nascimento, ressurge.

Como seria possível que um ciclo, estabelecido para todas as coisas, não se fechasse, coligando os dois extremos ? Assim como o que não morre não pode ter nascido, também o que existia antes do nascimento não pode morrer. O que não nasceu com a vida, com a vida não morre.

A lógica do universo, a voz de todos os fenômenos, concordemente, vos conduzem a esta conclusão. Se, como está demonstrado, não obstante a mudança da forma, a substância é indestrutível, se é evidente a existência de um princípio psíquico, esse principio tem que ser imortal, e imortalidade não pode ser senão eternidade, equilíbrio entre passado e futuro, isto é, reencarnação. Se tudo o que existe é eterno, vós, que existis, sois eternos. Coisa nenhuma pode jamais se anular. Não há lei ou autoridade humana que possa destruir a lógica e a evidência dos fenômenos.

Sobrevivência do espírito é sinônimo de reencarnação. Ou se renuncia a compreender o universo — como faz o materialismo — ou, se admitido um plano, uma ordem, um equilíbrio como todos os fatos demonstram, necessário é seguir-lhes a lógica (não é possível parar no caminho) até às ultimas conseqüências. Vida e morte são dois contrários que se compensam, dois impulsos que resultam em equilíbrio, duas fases complementares de um mesmo ciclo.

Desaparecerá o espírito no indistinguível de um grande e amorfo reservatório anímico? Absurdo. Não vedes aquele princípio reaparecer amorfo, mas — ao contrário — com qualidades já definidas, visto que se manifestam rapidamente, isto é, qualidades de instinto, consciência e personalidade, com as quais o vistes desaparecer.

A unidade reconstruída se assemelha demais à unidade destruída, para que não possa se tratar da mesma. Só assim podeis explicar a presciência do instinto, a gratuidade de seu conhecimento, esse aparecimento de capacidades inatas sem um aparente precedente construtivo. Como poderiam os instintos, o destino, a personalidade nascer do nada, tão diversos e definidos, fora da lei universal de causalidade? É que eles são o passado que, por força daquela lei, renasce sempre e que morte nenhuma poderá, jamais, destruir. Seria absurda e impossível uma contínua construção e desintegração de personalidade, uma passagem do ser ao não-ser em que se despedaçasse a cadeia da causalidade que tudo prepara e tudo conserva. Além disso, tudo no universo é individualizado; tudo clama “Eu”.

Não existem esses tais mares de inércia, essas tais zonas de vácuo; enfim, a evolução não retrocede, nunca extingue; defende como a coisa mais preciosa os produtos de tanto esforço seu. E uma unidade coletiva tão complexa como o é a individualidade humana é o mais alto produto da vida e resume os resultados do maior trabalho da evolução. Poderia esta, porventura, em sua rigorosa economia, permitir a dispersão dos seus maiores valores? E, depois, por que razão o testemunho dos sentidos que se iludem, deverá ter mais valor do que o do vosso instinto, que vos diz:

“Eu sou imortal”, ou que o das religiões, o dos fenômenos mediúnicos, que a lógica dos fatos, que a voz concorde da humanidade inteira e dos tempos todos, que vos dizem: “Sois imortais”?

O psiquismo individual sobrevive nas plantas, nos animais, no homem; o desenvolvimento embriológico que repete e resume todo o passado vivido, demonstra que, na vida, o principio é sempre o mesmo, a continuar a sua obra. Essa indestrutível sobrevivência do passado no presente, que assegura a continuidade da evolução, vos demonstra, outrossim, a identidade constante do principio de ação. O psiquismo sobrevive e traz consigo o grau de consciência conquistado, que pode subsistir no material incorpóreo.

A morte não é igual para todos, pois que se é igual para o corpo, não é para o espírito. Nos seres inferiores, compreendido o homem nos primeiros degraus da evolução, o centro perde a consciência e se apressa em reencontrá-la, arrastado pela corrente das forças da vida para novos organismos. O grande mar tem suas marés, e ininterruptamente impele os seus princípios por sobre a onda do tempo, no alternativo ciclo de vida e de morte, porque essa é a via da ascensão. A evolução é uma força instante; está na natureza do dinamismo desse princípio animador aspirar sempre a novas expressões e mais elevadas realizações.

Essa perda temporária de consciência, nos seres inferiores, pode dar a impressão daquele fim de tudo que o materialismo sustenta; impressão, não realidade, pois que, nos homens mais evoluídos, que já penetram na fase alfa propriamente dita, a do espírito, a consciência não se extingue, mas recorda, observa, prevê e, a seguir, escolhe as provas com conhecimento de causa. A consciência é conquista; é prêmio de imensos esforços. No ambiente imaterial, pode subsistir no homem tudo quanto há nele de imaterial, isto é, a parte dele que foi pensamento elevado, sentimento não preso à forma. Tudo o que é baixo é treva; no alto estão luz e liberdade. Mas, através da sua luta cotidiana para depurar a matéria em forma de expressão cada vez mais transparente do espírito, a evolução vos eleva, cada vez mais, acima daquela morte que tanto vos horroriza, que é a treva da consciência, e a transforma numa passagem com a qual a personalidade cada vez menos se abala, até conduzi-la a uma mudança de forma em que o EU se conserva desperto e tranqüilo.


- Pietro Ubaldi -
(Texto extraído do Livro "A Grande Síntese", de Pietro Ubaldi.)



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